Meditando
A chuva triste,
Cobria de finas gotas,
Geladas,
O esmalte do teu retrato,
Sobre o qual eu meditava...
E a terra era tão fria
Quanto o calor do teu corpo
Que em campa rasa dormia;
Nada de mim te lembrava
Enquanto tu foste Vida!...
Agora, no teu Além,
Conheces quanto me tem
Do teu conselho,
Mesmo, assim, em silêncio…
Sabes?
Sinto pulsar, dentro, em mim
A tua voz conselheira
Como Amiga verdadeira
Que não me pode trair.
Ouço-te desde a lonjura
Neste passo que separa
A Vala da Sepultura.
Limpei teu rosto gelado
Buscando o olhar transparente
Que ficasse, em mim, gravado
Desde o passado presente.
Comungaste
De toda a minha tristeza.
Uma lágrima, de chuva,
No teu retrato rolou
E aos olhos se prendeu...
Chorei também,
Mas não fiquei magoado.
Senti-me, mesmo, impelido
E até encorajado
A voltar,
Buscando no teu saber,
Se deva, ou não, acordar
Do sono que faz Viver...
SOL da Esteva
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