Descoberta de ti

Descobre a tua face verdadeira
E vive apenas nela, dia a dia.
Procura Almas gémeas e desfia
O quanto há de dor, na Alma inteira.

Terás outros motivos por que vivas
Um sonho tão real e muito amigo.
E tu, e o novo Amor que está contigo,
Terás o tal condão, assim prossigas.

Então, um novo rumo tomarás
Entrando pela porta, sempre aberta,
Que acolhe, que conforta e te implora:

Descobre-te, a ti mesma, e voltarás
A ter a confiança, ora desperta,
Com todo o encantamento tido agora.



 

SOL da Esteva

Eternamente

És vida constante, meu desvelo,
Na terra que temos p'ra viver.
Vivo com teus olhos, teu cabelo...
É, enfim, por ti que irei morrer.

Só que tenho medo ao sofrimento
Que tu possas ter, na solidão.
Mas, assim, cessava o meu tormento
Por só ver, em ti, desilusão.

Antes ter um sonho que levante
E faça crescer minha paixão,
Do que ter um dia que me mente. 

Assim, posso ver-te a cada instante
Por Obra do crer, ou talvez não,
Mas sempre o será eternamente.


 


SOL da Esteva

Amor vivo e profundo

Não quero que enganes a felicidade
Que tu podes ter e a que tens direito.
A mim, resta a angústia, a dor e o despeito
Deste vil silêncio que cala a verdade.

Bem silenciosas, me correm no rosto...
São incontroláveis, como esta tristeza,
As lágrimas quentes, bolhas de incerteza,
Que não têm fim, como o meu desgosto.

Que posso escolher, ó morte abençoada,
Para além da vida tão martirizada,
Que amar, sabendo que fico sozinho?

Má sociedade, aberração do mundo,
Que matas Amor vivo e bem profundo,
Para o dares, por honra, pelo que é mesquinho.


 

SOL da Esteva

Breve sofrimento

Nas tuas palavras, deixo-me chorar,
Fica a amargura que me rói o peito;
Que não são ciúme, antes o despeito
P'la vida vazia que há-de terminar.

Não devo chorar. Não serás, mais, minha.
Até, sinto fundo, um dia estarás
Do mal esquecida e bem me trarás 
Por não desejares a vida sozinha.

E antes de tudo, essa solidão
Que tanto desejas, fugindo do Mundo,
É a grande prova da tua afeição.

E porque conheço o teu pensamento,
Que quer esconder o sentir mais profundo,
Saberei que é breve esse teu sofrimento.


 


SOL da Esteva

Centro da Vida

 


Não sou eu quem vive; vives tu em mim.
Eu, apenas sonho o que me é querido.
Nada mais real, que ouvir-te dizer sim,
Pelo compromisso entre nós havido.

Somos consagrados pela lei da gente.
Ficamos unidos num só coração,
Por valer, demais, aquilo que se sente
Quando, livremente, escolha é união.

Ter-te na minha Alma, exclusivamente,
Como se os dois fôssemos um só Ser
Que, no seu direito, houvesse reclamar

Um lugar Divino, onde a Alma sente
Que o centro da vida é, não só, viver      
Como dar sentido ao que é partilhar.    




 
SOL da Esteva